Manifestação no MME reuniu funcionários da Eletrobras e movimentos sociais
Sueli Montenegro, da Agência CanalEnergia, de Brasília, Recursos Humanos
Trabalhadores de empresas Eletrobras e representantes de sindicatos e de movimentos sociais realizaram manifestação em frente ao Ministerio de Minas e Energia contra a aprovação do projeto de lei da Medida Provisória 735, que abre caminho para a privatização das distribuidoras do grupo. O protesto organizado pelo Coletivo Nacional dos Eletricitários reuniu na manhã desta quinta-feira, 27 de outubro, empregados de Furnas, Eletronorte e Celg Distribuição, além de integrantes dos movimentos Luta Pela Terra, de Trabalhadores Rurais Sem Terra e Movimento dos Sem Teto. Eles também criticaram a Proposta de Emenda Constitucional 241, que estabelece um teto de gastos para os próximos 20 anos.
O secretario de Energia da Federação Nacional dos Urbanitários, Fernando Pereira, reclamou da falta de diálogo do ministério, que se recusa, segundo ele, a receber os representantes dos eletricitários. Para o sindicalista, a preocupação é de que não apenas as distribuidoras, mas também as geradoras do grupo estatal entrem no pacote de privatizações do governo. “Estão dando continuidade ao processo de desmonte iniciado na década de 1990”, afirmou Pereira. A próxima manifestação está prevista para o dia 1º de novembro em frente à sede da Chesf, em Recife. Há também uma chamada para a adesão dos eletricitários à greve geral convocada por centrais sindicais para o próximo dia 11.
A garantia do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, de que futuros desligamentos de servidores só serão feitos por meio de programas de demissão voluntária não convenceu os sindicatos das empresas. O público alvo das demissões seriam funcionários acima de 50 anos, o que afetaria 6.500 trabalhadores na geração e 1500 na distribuição, de um total de 23 mil empregados.
Há desconfiança também em relação à emenda incluída no projeto de conversão da MP que recomenda aos futuros controladores das distribuidoras a manutenção de 90% dos cargos atuais por dois anos, 70% dos quais com profissionais que já fazem parte do quadro das empresas. Uma outra emenda, cujo veto os trabalhadores querem evitar, é a que permite a transferência de funcionários de empresas que serão privatizadas para outras empresas públicas.
O diretor do Sindicato dos Urbanitários de Goiás Assis de Souto Jacob afirmou que a luta inicial dos trabalhadores da Celg D era para evitar a privatização da distribuidora, que deve ser leiloada no final de novembro. “Conseguimos atrasar o processos esse tempo todo”, diz, ao lembrar que o primeiro leilão de venda da empresa estava marcado para 17 de novembro de 2015. A segunda tentativa seria em 19 de agosto desse ano, mas foi adiada por falta de propostas dos interessados.
Para o dirigente do Stiueg, a mobilização dos trabalhadores passou a ter um outro perfil agora, até porque o quadro atual mostra que outras empresas públicas de diferentes setores também estão ameaçadas de privatização. “Antes tínhamos de quem cobrar coerência e agora não temos, porque o grupo que está no poder é o mesmo da década de 90.”