PL das eólicas offshore pode ser aprovado com jabutis que encarecem a conta de luz dos brasileiros em mais R$ 28 bilhões por ano

O marco regulatório das eólicas offshore (PL 11.247), que deve ser votado na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (28), foi recheado de jabutis que encarecem a conta de luz dos consumidores brasileiros. Entre os jabutis, estão benefícios para a Geração Distribuída, descontos para produtores de biomassa e biometano e liberação de preços para o gás utilizado nas usinas térmicas. Tudo isso a ser bancado com o dinheiro dos consumidores. Segundos dados da ABRACE Energia, que representa os grandes consumidores, se todos os jabutis propostos forem aprovados, haverá acréscimo de R$ 28 bilhões na conta de energia dos brasileiros.


O Brasil já tem uma matriz elétrica majoritariamente renovável e da abundância de ventos no continente. Além disso, a energia eólica já é a mais barata no país. No entanto, a proposição em votação estimula a produção offshore, ou seja, em alto mar. O modelo tem custo muito mais alto e trará um peso desnecessário sobre a conta de luz dos consumidores, uma vez que há bastante espaço para expansão da produção em terra, dada a grande dimensão territorial brasileira.


Diante disso, a Frente Nacional dos Consumidores de Energia pede aos parlamentares que não aprovem o texto por se tratar de um conjunto de medidas prejudiciais para a população e que elevam ainda mais o custo da energia no país.


“A produção de energias renováveis é essencial para a transição energética brasileira, mas o país precisa fazer essa transição de forma inteligente e responsável. Avançar para o modelo offshore no momento é um equívoco”, afirma o presidente da Frente Luiz Eduardo Barata.

Confira o bando de jabutis do PL 11.247


O PL 576/2021 traz mudanças na Lei da Eletrobras ao prever que o custo do combustível das usinas térmicas será objeto de chamada pública da distribuidora de gás, que também terá a liberdade para definir os critérios de preço, o que poderá aumentar o custo dessas térmicas para expansão da rede de gás.


A lei vigente prevê a produção de 8000 MW, no entanto, o custo pode aumentar com a contratação de 4250 MW de térmicas, com entrega de energia entre 2027 e 2031. Também estão previstos mais 4900 MW de UHE até 50 MW na forma de reserva de

capacidade, com entrega de energia entre 2029 e 2030, a produção de 300 MW de eólica na Região Sul e 250 MW de hidrogênio líquido a partir de etanol no Nordeste. Caso esses montantes não sejam contratados no período previsto, as diferenças serão repassadas para contratação nos anos seguintes, o que causará mais prejuízos aos consumidores de energia.


O PL das eólicas offshore também traz mudanças no marco legal da Geração Distribuída, embutidas em um jabuti. Foi incluída a possibilidade de mais consumidores do Grupo A serem enquadrados como Grupo B, reduzindo assim o custo de pagamento da TUSD desses consumidores. Incluíram nessa possibilidade de faturamento também empreendimentos de hotelaria e pousada, locais de práticas de atividades esportivas ou parque de exposições agropecuárias.

Outra medida prevista no texto é a inclusão de prorrogação de descontos de 50% para fontes hidrelétricas ou térmicas (biomassa, biogás, biometano e RSU) de até 30 MW por cinco anos adicionais e em 25% por outros cinco anos, a partir do início da vigência da nova lei.


“Será mais um subsídio criado pelo Congresso Nacional às custas dos consumidores de energia, além da retirada de controles sobre a precificação do gás para as térmicas. Esse não é o caminho. Precisamos que nossos parlamentares entendam o papel do Legislativo na viabilização de uma transição energética que seja sustentável e efetiva”, alerta o presidente da Frente, Luiz Eduardo Barata.

Fonte: Comunicação Frente Nacional dos Consumidores de Energia