Os compromissos assumidos durante a COP21 devem inicialmente, beneficiar o setor de energia renováveis
Julien Dias, consultor, Artigos e Entrevistas
Em dezembro 2015, durante a COP21 (Cúpula de Paris), 190 países definiram que o aumento da temperatura não deve ultrapasse 1,5ºC, além disso há promessa de se criar um fundo de financiamento de 100 bilhões de dólares (anuais) para ajudar os países menos desenvolvidos a adaptar-se aos efeitos das mudanças climáticas. Todavia a forma de evitar o aumento das temperaturas e a criação do fundo, ainda serão discutidas em outras COPs no futuro.
Os compromissos assumidos durante a COP21 devem inicialmente, beneficiar o setor de energia renováveis. Contudo, nos últimos meses o preço do barril do petróleo vem despencando e hoje esta abaixo de USD 30.
A consequência imediata da redução no preço do barril do petróleo é o crescimento da demanda por combustíveis fosseis e fontes de energia proveniente do petróleo, porém, existem outros efeitos desastrosos a longo prazo, tais como os impactos nos investimentos em geração de energia renováveis, pois a energia é uma commodity, e os consumidores não querem pagar mais caro pela energia, estes desejam energia sustentável com baixa emissão de gases de efeito estufa (GEEs), mas com preço baixos.
É importante salientar que o preço do petróleo é balizador do preço da energia, ou seja, quanto menor o preço do petróleo menor o preço da energia, diminuindo as taxas de retorno dos projetos em energia, incluindo os projetos de energia renováveis.
A deterioração do preço do petróleo deve continuar, pois recentemente as sanções comerciais ao Irã (7º maior produtor do mundo) se encerram, criando mais excedente de petróleo.
Esse cenário vem impactando às ações de empresas de energia listadas na FTSE e NYSE e levantando dúvidas sobre a capacidade de endividamento e a viabilidade de novos projetos de energia, principalmente, a energias renováveis.
Talvez, ainda esteja cedo para anunciar uma tempestade, contudo, as nuvens estão se formando e os ventos fortes podem trazê para o Brasil em um futuro próximo.
Julien Dias é consultor da área de energia elétrica, professor do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas, diretor de Project Finance e M&A da Electra Power Geração de Energia e da Abrapch.